Segue aqui um texto super interessante que foi publicado no site Canal Comum, escrito pela querida da Pollyana Galli publicitária que leciona nas áreas de Criação, Planejamento, Branding e Fundamentos de Design de Moda. Essa coluna que ela escreve é sobre moda e quinzenal. Achei o primeiro texto tão interessante que resolvi compartilhar com vocês. Vamos lá?
Você é fashion?
É preciso estudar a moda. Isso mesmo, estudar. Fácil é não levar esse assunto à sério. Sinto pena quando pessoas fazem as tais perguntas: O que se tanto estuda nos cursos de moda? Aprende-se a costurar? Aprende-se a se vestir melhor?
Parece mais fácil relegar a moda ao campo do supérfulo. Será mesmo que é tão difícil de enxergar o vasto campo que envolve essa área? Não é obviu que envolva, entre outras, a economia, antropologia e sociologia? Parece que só assim a moda ganha mais dignidade e credibilidade.
Enfim, isso acontece porque a vemos por uma máquina. Máquina essa que tem para esse assunto, ainda, poucas lentes. A mídia. Conhecemos a moda através das lentes que ela possui, que não nos permite ver além do estético no prisma do certo e errado, bonito e feio, etc. Bom, isso de forma geral e massiva.
É só variar a lente e então, é possível enxergar com mais clareza e maior extensão. A vestimenta tem história tão antiga quanto o próprio homem, o seu processo passou do puramente manual e oficinal para o industrial. É nessrário criação e planejamento, envolve trabalho intelectual e promove a idéia básica de mercado - demanda e oferta.
Mas mesmo assim é mais fácil olhar pela lente viciada e ver o produto final, que é a roupa, e por ela fazer os julgamentos tradicionais do que é massificado. Pela roupa podemos classificar o que é válido ou não. A roupa tornou-se mecanismo dos esteriótipos. Com a pergunta ou a sentença do é fashion. Assim mesmo, no inglês. Fica mais bonito. É fashion.
Essas muitas facetas é que dão margem aos estudos, ao entendimento de um processo social de consumo, de um processo social de construção de identidade. Pois sim, a roupa nos conta sériamente sobre isso.
As teorias em torno da moda começaram a surgir entre o final do século XIX e o começo do XX, era assunto e preocupação primeiro dos artistas e intelectuais que pensavam as dinâmicas da modernidade. Por isso essa eterna urgência. Parece que a moda é sempre vanguarda, mesmo quando é vintage. É desse período, por exemplo, os primeiros pensamentos sobre a moda no mundo capitalista e industrializado, a teoria da distinção social – vista como canal de ostentação do poder econômico das elites. Ainda hoje a moda é utlizada como prisma para o entendimento das bordas sociais.
No entanto a moda precisa de movimento, de circulação. Ela até pode começar em um pequeno grupo, hoje os nichos, mas precisa do movimento para tornar-se legítima. É na rua que ela existe. Na rua vai do luxo ao lixo. E é nesse ponto o interesse dos intelectuais. O tanto de informação que a moda carrega, do consumo de bens ao consumo do simbólico.
A importância social e econômica desse setor firmou-se no século XX e segue no XXI. Nas palavras de Diane Crane, “reconstruir as mudanças na natureza da moda e nos critérios que orientam as escolhas de vestuário é um modo de entender as diferenças entre o tipo de sociedade que está lentamente emergindo”, e esse movimento é continuo e aparentemente cíclico.
É desse movimento que a indústria se alimenta para oferecer produtos de moda que personificam os ideiais e valores de uma época e que espelham através das escolhas desses vestuários, os diversos grupos sociais e também os segmentos que têm em comum hábitos. É assim que usamos a moda como equivalente aos valores dominantes de uma época. Moda é ao mesmo tempo atemporal e temporal.
Essa indústria, pela sua natureza, tem um compromisso com o a economia. Desde o primórdio da industrialização, quando a fabricação de tecidos de algodão saltou 5.000% em 70 anos no século XIX, até a atualidade onde não só a produção dos fios, a fabricação de tecidos - que envolve alta tecnologia - a criação de máquinário, para substituir e/ou facilitar o ainda trabalho manual, o feitio em si e a distrubuição cobrem áreas de interesse e desenvolvimento no século XXI. É possível então vislumbrar um sem fim de efeitos econômicos à movimentação desse gigante. Isso sem mensionar todo o marketing da coisa - essa também uma indústria que usa um máquinário pesado, da simbologia à mídia.
O campo do simbólico tem muitas vertentes, começando pelo design, ferramenta essa de criação. O homem tem vocação para o design. No sentido que o homem produz à luz de suas necessidades, e dá sentido às suas criações as envolvendo em contextos simbólicos. Assim essas criações se legitimam como verdade de uma semiose que homem faz entre si e a natureza.
Enfim, esse é um vislumbre do que essa coluna intenta. Abordar as diversas facetas do estudo da moda. A partir de indagações das mais simples às mais complexas, promover o pensamento. Porque pra mim, moda é pensar. Porque pensar é fashion. E você, você é fashion?
Polyanna Galli
para ler mais em Canal Comum
testo maravilhoso, engraçago estava agora a pouco em uma mesa de bar elogiando a Polyanna Galli, perfeito!
ResponderExcluirIgor leite
digo texto!
ResponderExcluirIgor Leite